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Morte Lenta

Fico pensando em quanto deixamos de fazer, dizer e viver.
Em quanto o tempo passa rápido.
E quantas oportunidades já deixamos passar,
Sem nem ao menos vivê-las enquanto pudemos.
Porque se pararmos para refletir
Já estamos todos morrendo.
Então para quê esperar,
Se a vida não espera.
Morremos um pouco a cada segundo.
Cada minuto que passa aproxima um pouco mais todos nós da morte
Então não dá para ficar pensando...
Amanhã vou viver...
Amanhã vou me declarar...
Amanhã vou fazer melhor.
Tem que ser já, pois cada minuto é precioso.
Porque não é só uma doença física que pode nos matar.
Na verdade o tempo também mata silenciosamente.
Como uma doença sem cura que não podemos reverter.

Amor

Fico pensando como Deus pode nos querer.
Nós matamos o Seu filho, tiramos seu bem mais precioso e o fizemos sofrer.
Se perguntar a alguém o que sentiria pela pessoa que lhe fez isso, com certeza ela me responderia qualquer coisa menos amor.
Mas quando pergunto isso a Deus essa é a única resposta que ele me dá.

Espera

Como posso dizer como me sinto se não há ninguém aqui que possa escutar-me?
E será que haveriam palavras suficientes para serem ditas?
Agora só me resta o silêncio e o vazio. 
Foi muito e pouco.
Muito pelo tempo que durou e pouco porque não foi o suficiente.
O coração queria mais que um adeus e palavras de amizade.
Queria atenção, carinho e confiança.
E agora que sei que é o fim definitivo sinto vontade de agarrá-lo e puxá-lo para perto até que ouvindo as batidas do meu coração compreenda o que ele diz.
Os sons das palavras podem não ter te convencido, mas talvez o som que sai de mim o faça retroceder.
E voltando nos próprios passos veja que fiquei no mesmo lugar, parada, esperando por você.

Ausência

Convivíamos e não nos conhecíamos.
Então quem sabe agora a ausência revele quem somos.
Agora em silêncio, sem ouvir suas palavras, possa pensar melhor no que diziam.
E sem seus beijos possa descobrir quais sentimentos expressavam.
Precisávamos disso, desse vazio.
Precisávamos separar nossas vidas para saber o verdadeiro significado de uni-las ou se realmente algum dia existiu algum.

Relacionamentos


Depois que passa o primeiro encanto é que se sente o peso da convivência.
No começo a euforia é como uma lente que nos permite enxergar a realidade com mais beleza.
Os erros nem são tão grandes.
As palavras nem são tão ásperas.
E as atitudes não são muito incômodas.
Tudo parece uma bela descoberta, como se o mundo encantado pudesse existir.
Só que ninguém consegue viver assim para sempre.
Nenhum relacionamento pode viver de ilusão.
Os relacionamentos que sobrevivem são sempre os baseados na verdade.
Depois que acaba a empolgação da novidade só o amor pode manter o casal unido.
Só que esse amor anda meio sumido e o meu maior medo é não conseguir encontrar.

Solidão


Nunca tive medo da solidão.
Na verdade até gosto de ser sozinha.
Estar sozinha me faz mais leve, pois só preciso me preocupar comigo.
Não entendo essa gente que tem medo da solidão, talvez seja porque não conseguem conviver com si mesmas.
Na solidão não há perguntas, exigências ou pressão.
Nela só há silêncio e paz.
Ficar sozinho não é ruim!
Pior é estar acompanhado por alguém que não lhe dá o devido valor.
Que nem ao menos aprecia a sua companhia.
Estar só é não precisar fingir.
É poder ser a gente mesmo sem ter medo escandalizar ninguém.
É poder voar sem ter ninguém para te prender ao chão.

Perder


Por mais que estivesse preparada para o fim, ele sempre vem e nos surpreende.
Já devia estar acostumada com as perdas, afinal já perdi muita coisa.
E muita gente.
Mas mesmo assim perder sempre dói ainda que seja cada vez menos.
Éramos diferentes demais e essas diferenças calaram nossas vozes e falaram por nós.
Até tentamos falar mais baixo e usar as palavras mais suaves, mas quando percebemos nada aconteceu como planejávamos.
Não adianta nem procurar culpados porque agora isso é o que menos importa.
Nem ao menos posso dizer que foi bom enquanto durou porque nem sei se foi bom.
Talvez um bom combate.
Estávamos sempre atirando um no outro.
Agora fomos atingidos.
As balas nos perfuraram.
Feriram.
E nos fizeram morrer.

Eros e Psiquê


Psiquê era uma linda garota que não conhecia o amor.
E que por não conhecê-lo o afastava.
Muitos a queriam por causa de sua formosura e ela a todos rejeitava.
Mas bem ali num penhasco sozinha, onde mais ninguém a via, era que ela chorava.
Chorava por achar que a vida nada valia sem o amor que queria, mas negava.
E mesmo tão bela essa beleza de nada servia,
Pois não evitava que suas lágrimas caíssem todos os dias.
E como despertava interesses e elogios logo surgiu no coração de outra a inveja.
E essa começou a perguntar-se: - Como pode ser ela e não eu a mais bela?
Foi aí que um plano foi arquitetado.
A concorrência tinha de ser eliminada.
E assim foi pedida a ajuda de Eros para matá-la.
Eros foi encontrá-la no penhasco chorando e como um vento começou a soprar em suas costas.
E foi aí quando Psiquê se virou que ele percebeu terem surgido todas as respostas.
E aquele que devia espalhar o amor o sentiu invadi-lo em instantes.
Foi ali ao olhá-la que percebeu o quanto eram semelhantes.
Levou-a em seus braços para seu imenso castelo, criou promessas e estabeleceu elos.
E em troca disso lhe pediu pra seu rosto não ver.
Não vendo nenhum mal nessa condição simplesmente concordou Psiquê.
E dia após dia viviam felizes, se amando a cada dia mais.
Como se sempre houvesse o que se viver e como se nunca fosse demais.
Até que um dia a dúvida invadiu o coração de Psiquê e o desejo de ver tornou-se maior que seu sentimento.
Armou um plano então para realizar seu intento.
Numa noite seu plano foi praticar, bem devagar para não descoberta ser.
Mas ao ver o rosto de seu amado começou a tremer.
Ele acordou e atônito não conseguiu crer.
Seu amor foi ali traído, sua confiança quebrada sem nem ao menos merecer.
Ele se foi e suas justificativas não quis escutar.
Então psiquê voltou ao penhasco e todos os dias começou novamente a chorar.
Gritando, ao vazio a implorar.
Somente esperando, pouco a pouco a definhar, ali diariamente até morrer sem nem ao menos ver seu amor voltar.

Inveja


Já invejei pessoas pelo que elas são, mas nunca pelo que elas possuem.
Invejei o modo como se expressão e como fazem isso de um jeito tão perfeito capaz de fazer o coração mais frio derreter-se.
Já invejei pessoas capazes de amar sem se preocupar se o outro lhes corresponderá ou os fará sofrer.
Invejei a alegria das crianças e a capacidade que têm de esquecer as coisas ruins e perdoá-las.
Já invejei um pouco também a capacidade que os loucos têm de serem eles mesmos sempre.
Invejei apaixonados que se amam tão desesperadamente que não há espaço para se ver os defeitos.
Já invejei grandes escritores, suas mais belas e apaixonadas palavras.
Invejo o que está além do palpável...
A alegria dos olhos, os sorrisos nos lábios e a paz nos corações.
Mas nunca, nem se quer por um segundo apenas, invejei carros, dinheiro, roupas, status ou mansões.

Alma Nua


 Não dá pra escrever simples, afinal sou eu no papel.  
Complexa! 
Houve vezes que até desejei ser simples.
Pensando que assim mais pessoas me leriam e me entenderiam.
 E quem sabe eu não precisaria mais escrever tanto.
 E meus gritos deixariam de ser tão silenciosos.
Minha nudez deixaria de ser tão aparente.
  Essa nudez que ao mesmo tempo me dá medo e prazer.
Medo por me verem sem nada a me encobrir.
Prazer por saber que admiram o que vêem, que tenho algo de belo a revelar.
    E tudo isso parece-me uma loucura, 
pois enquanto quero me esconder minha alma insiste em revelar-se por completo.
Ela adora que vejam suas curvas e se exibir.
E quando tento segurá-la percebo o quanto é difícil.
Quando menos espero já está se despindo 
e lentamente revelando cada pedaço de sua pele.
 É como se fizesse um strip tease para quem quiser ver.
 Ela desperta olhares curiosos e cheios de expectativa.
Só esperando para vê-la completamente exposta.
Essa nudez choca, atrai desejos e se mostra impossível de conter.

Insaciável

 Quando se quer mais, nada parece satisfazer.
A gente sente como se houvesse uma lacuna que por mais que se queira e se esforce fica sempre esperando para ser preenchida.
Ser insaciável é não aceitar o trivial.
É querer além do que a normalidade.
É esperar mais do que talvez se possa receber.
É exigir além do que qualquer um poderá oferecer.
Talvez ainda se acredite em perfeição, 
porque os inquietos e exigentes insaciáveis 
a esperam sempre com grande expectativa. 
E não aceitam menos do que a própria.
E essa busca pelo tudo os torna complexos e incompreendidos.
Seus padrões são altos demais para esse mundo de facilidades e comodismos.
Os insaciáveis fogem a normalidade, estão além do corriqueiro.
Buscam uma água para matar sua sede, 
um oásis no deserto 
e a perfeição em meio ao comum.

Perguntas

 Há perguntas que não sei responder agora.
Há respostas que eu nunca terei.
Algumas dúvidas continuarão a me atormentar e eu não poderei mudar esse fato.
Não posso retroceder ou voltar para interrogar o passado.
Não posso fazer o tempo parar no presente para me responder.
E o futuro sempre se finge de surdo diante das minhas indagações.
Entretanto saber todas as respostas é não dar espaço ao erro ou a dúvida.
E não errar é deixar de ser humano para ser algo que desconheço.
Gosto de ser humana, talvez porque assim terei sempre uma desculpa para dar.
Pensando bem, as vezes não é tão necessário saber as respostas.
Há até aquelas vezes em que se sabe, mas que não se quer saber.

Segurança

 Andar numa estrada asfaltada com um caminho pré determinado é fácil.
Nos sentimos seguros numa rota pré estipulada.
Mas e quando o asfalto acaba?
Quando precisamos viver o desconhecido?
Só porque não há asfalto não quer dizer que não seja um caminho bom.
Não ter asfalto só quer dizer que muitos não tiveram coragem de trilhar aquele caminho e nem de indicá-lo para ninguém.
Talvez o medo do desconhecido e do inexplicável tenha privado muitos de andar por ele.
Ainda bem que ainda existem valentes.
Pessoas ousadas capazes de colocar os pés na areia e empoeirar as roupas.
E que apesar de ser um caminho mais difícil  e com menos companhia não se arrependem, pois seus olhos puderam contemplar o que nem todos puderam ver.
E viver o que a maioria não teve coragem.
E ao olharem para trás e verem uma multidão parada no fim do asfalto podem pensar que apesar de tudo valeu a pena seguir em frente.

Promessas Vazias


O que me assusta não é a falta de promessas.
O que me assusta é ouvi-las e logo depois vê-las sendo descumpridas.
Não entendo como as palavras podem ser tão vazias se para mim possuem uma infinidade de significados.
Para mim palavras possuem pesos e correntes que nos prendem os calcanhares e nos acompanham para onde quer que vamos. Para não esquecermos o que falamos.
Ficam ali como uma lembrança constante do que prometemos.
Respeito as palavras e acho que é por isso que me indigna tanto vê-las sendo desperdiçadas por aí.
Penso que aqueles não conhecem seus pesos não deveriam pronunciá-las, pois eles podem até se fingir de cegos.
Mas eu posso vê-los acorrentados a elas.

Futuro

Nós escolhemos nosso futuro.
Nós o planejamos e viajamos por ele antes mesmo que aconteça.
Mas ele nem sempre nos reserva muitas surpresas.
Tenho medo dele, pois o imaginei de mil formas e hoje me vejo nem lugar totalmente diferente.
E o tempo continua passando, nos lembrando que daqui a pouco já será depois.
Que as decisões precisam ser tomadas e as lições aprendidas.
Que é preciso crescer e ir sempre em frente sem olhar para trás.
 Que a realidade não é igual ao sonho e que ela não espera por ninguém.
Que não vou poder levar tudo e todos comigo para onde for.
E que por mais que eu tenha medo, e não queira, o futuro desabrochará como uma flor.
                                                       

Escrever


Em alguns momentos não existem pessoas disponíveis para te ouvir e nem palavras suficientes para serem ditas.
 Momentos de solidão onde só se tem a si mesmo.
São em momentos assim que escrevo. São neles que a boca se cala para que a caneta fale tudo que quero dizer sem que mais ninguém ouça.
Percebo que é por isso que estar só me faz bem porque tenho em mim também o ouvinte quando releio o que escrevi.
Sou as palavras duras e depois a calma.
Sou a dor e depois o alívio.
 Sou quem vive e depois quem assiste.
Sou quem escreve e depois critica.
Escrevo porque não preciso de platéia.
Eu mesma conto e aprecio minha própria história.

Começando do Fim


O fim não passa de um novo começo.
É a chance de recomeçar e de fazer acontecer diferente.
Ou de prestar mais atenção e consertar erros.
De acender a saudade e ressuscitar desejos.
O fim não é o vazio, e sim muitas coisas novas e inexplicáveis que estão esperando para acontecer.
Talvez a perda não nos deixe ver que o fim no fundo não é o ponto final ou o último capítulo do livro.
O fim é só mais uma oportunidade para ver que o comodismo não estava nos deixando alcançar o novo e que havia nos parado.
Vejo o fim como algo muitas vezes necessário para que possamos sair da estagnação.
Vem como um choque capaz de fazer bater novamente o coração que havia parado.
E ressuscitá-lo.

Românticos


Os românticos andam meio sumidos.
Homens não podem mais chorar, nem sentir. Porque não podem mais serem tachados de sensíveis.
Mulheres precisam se mostrar fortes e decididas. Não podendo assim se mostrarem vulneráveis diante de palavras doces e letras compostas em sua inspiração.
O mundo moderno virou um hospício onde o tipo de louco solitário é a maioria.
Se é assim, o romantismo foi nos deixando.
Ele morreu de fome!
Precisava ser alimentado com a recíproca, com olhares e sorrisos apaixonados. E por não recebê-los tornou-se tão raquítico que não pôde suportar.
Num mundo de solidão, onde cada um resolveu trilhar seu caminho, é difícil demonstrar qualquer tipo de fraqueza.
Por isso quando nasce um novo romântico logo é morto, pois é sufocado lentamente pela indiferença do outro.